A primeira vez que
passei por esta região foi em 2002 , se a memória não me falha, a
caminho de Tokaj na Hungria na companhia de dois amigos franceses. Lembro-me de
ver pelo caminho algumas igrejas de madeira mas não parámos porque o nosso
objectivo era outro e o caminho que tínhamos pela frente era longo. A história repetiu-se mais duas vezes. Apenas
o destino da viagem e companheiros de viagem eram outros. Mas desta vez não
deixei escapar a oportunidade.
No sudeste da Polónia há dezenas de igrejas de madeira em
diferentes estados de conservação. Algumas delas mudaram de dono mas o patrão é
sempre o mesmo. Pelas características
únicas desta arquitectura que conjuga técnicas medievais com três diferentes
ritos: católico, ortodoxo e católico oriental, seis destas igrejas estão inscritas
na lista do Património Mundial da UNESCO e 114 fazem parte da Rota da
Arquitectura de Madeira.
E o melhor desta rota são os sítios por onde se passa, as
aldeias perdidas, as paisagens e por fim a recompensa na forma de uma igreja de
madeira, por vezes afastada de tudo, longe da aldeia e o silêncio…
Igreja ortodoxa da
Dormição da Santa Mãe de Deus, em Szczawne
Construída em 1889, até ao final da II Guerra Mundial serviu como igreja católica oriental mas com a expulsão da
comunidade ucraniana para a URSS durante a Operação Vístula[1] e a implantação do regime
comunista na Polónia foi encerrada. Passou para as mãos do estado e em 1959 é
vendida a um particular e condena a ser demolida. Graças ao esforço da única família
ucraniana que consegui escapar à expulsão e a alguns fiéis do rito ortodoxo a
igreja foi devolvida em 1962. Foi sendo reconstruída ao longo dos anos e até
hoje serve a pequena comunidade ortodoxa local constituída por cerca de dez famílias.
[1] Operação Vístula foi o nome
dado à operação de deportação da população ucraniana do sudeste da Polónia depois do final da II
Guerra Mundial. O obetivo era retirar apoio material e assistência ao Exército Revolucionário Ucraniano (UPA).